O escafoide é um osso chave na biomecânica do nosso punho. Ele funciona como um elo de conexão entre as fileiras proximal e distal dos ossos do carpo.
Estatisticamente é o osso mais frequentemente fraturado nessa região, habitualmente pacientes jovens e o mecanismo de trauma mais comum é uma queda com o punho em hiperextensão ( foto), muito frequente em praticantes de esportes como futebol, basquete, volei, snowboard e esqui.
Apesar de sua importância para o bom funcionamento do punho, infelizmente, o diagnóstico nem sempre é realizado no primeiro atendimento. O punho pode não inchar muito, o paciente consegue manter certa mobilidade e, além disso, as radiografias iniciais podem ser normais! Deve sempre ser suspeitada após um exame físico bem realizado.
Os sintomas de fratura do escafóide incluem:
- Dor persistente ao movimentar o punho
- Dor na base do polegar
- Dor a compressão do polegar
- Dor na região da tabaqueira anatômica
- Inchaço no punho
- Roxos ou equimoses
Devido às peculiaridades do escafóide no que diz respeito a sua pobre vascularização, sua exigência biomecânica e à cobertura de cartilagem, que envolve 80% de sua superfície, sua cicatrização ou consolidação após uma fratura é mais prolongada que em outros ossos, demorando até 12 semanas. Dessa forma, a incidência de não-consolidação ou pseudoartrose também é mais alta quando comparada a outros ossos do corpo, podendo ocasionar um quadro de desgaste progressivo do punho caso não diagnosticada e tratada.
As fraturas sem desvio ou com desvio mínimo, podem ser tratadas conservadoramente com imobilização gessada ou órtese por 8 a 12 semanas.
No entanto, a maioria das fraturas agudas necessitará de tratamento cirúrgico visando diminuir o tempo de recuperação e de imobilização, bem como promover a compressão e estabilização entre os fragmentos o que diminui os riscos de não consolidação da fratura.
A cirurgia é realizada de forma minimamente invasiva, com fixação percutânea com um parafuso especial e auxiliada pela artroscopia de punho que permite confirmar sob visualização direta o melhor ponto de entrada para o parafuso, confirmar sua adequada redução, bem como diagnosticar lesões ligamentares ou condrais associadas.
Após essa cirurgia, o paciente tem alta hospitalar no mesmo dia e permanece imobilizado com uma órtese removível por 2 a 4 semanas, iniciando sua reabilitação o mais precocemente possível. Em geral, o retorno aos esportes de contato/impacto é liberado apenas após confirmação da consolidação do escafóide o que pode levar de 3 a 6 meses, em média.